"Em The Knick não há tempo para ficarmos enjoados"

Clive Owen regressa na madrugada de hoje, às 03.00, ao canal TV Series com a estreia da segunda temporada da trama que retrata o mundo da medicina no início do século XX
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Bisturis, sangue, drogas e adrenalina. The Knick regressa nesta madrugada ao TV Series, às 03.00, com a segunda temporada e todas essas promessas. Este novo conjunto de episódios é maioritariamente centrado em John Thackery, o médico do hospital Knickerbocker, determinado em encontrar soluções para os grandes problemas científicos da época em que vive. "Grande parte da segunda temporada é sobre como é que ele pode ver-se livre das drogas. Vamos ver se consegue", contou o ator em entrevista cedida ao DN, recordando que nessa época, início do século XX, "o consumo de cocaína era legal". "Eles pensavam que a forma de lidar com o frenesim provocado por essa droga era acalmar quem a consumia... com um pouco de heroína", sublinhou.

Owen revelou ainda que uma das questões que atravessam toda esta nova temporada prende-se com as capacidades da sua personagem. "Será que ele tem a confiança suficiente para continuar a fazer, sem adição de substâncias, o que fazia quando se injetava?", deixa no ar.

Ao lado de Clive Owen no elenco desta série assinada por Steven Soderbergh, já galardoada com seis prémios (entre dez nomeações) e baseada na vida real de William Stewart Halsted, está Eve Hewson, filha de Bono Vox e Ali Hewson. No papel de uma enfermeira, a jovem atriz irlandesa confessa, também em entrevista cedida ao nosso jornal, que gravar cenas em que as seringas e as cirurgias são, muitas vezes, protagonistas é "bastante divertido". "Há coisas verdadeiramente nojentas [risos]. Na vida real, agulhas e sangue fazem-me muita confusão. Por isso, no início, dizia que não era capaz de fazer isto. Estava a ser uma bebé grande. Mas acabei por me habituar e agora até é divertido. E também é engraçado ver as reações das pessoas quando assistem ao resultado final. Começam a contorcer-se", contou Hewson.

Também Clive Owen admite que trabalhar com corpos que tem de esquartejar, mesmo que seja em jeito de brincadeira, não lhe causa repulsa. "Não me incomoda porque sei que aqueles foram grandes dias em termos de logística e eu só quero entrar nesse espírito e fazer o que tenho a fazer da melhor maneira possível. Em The Knick não há tempo para ficarmos enjoados", frisou o ator, que regressou com esta série ao universo televisivo depois de anos a dar cartas no cinema.

"Não há grandes diferenças", opina o ator sobre trabalhar para o pequeno e o grande ecrã. "Aqui, sinto que estou a fazer um filme porque o [Steven] Soderbergh não grava por episódios. Ele é um homem de filmes, um animal do cinema, e não alterou a sua forma de trabalhar. Nunca diz que vai gravar para televisão. Ele trata de tudo como se se tratasse de um filme e eu sinto a mesma coisa. Desta forma, parece que temos mais tempo e podemos aprofundar mais o que fazemos", prosseguiu Owen.

Quanto a uma terceira temporada - o canal norte-americano Cinemax arrancou com a história, no ano passado, com uma só temporada, anunciando depois esta segunda - o protagonista diz que, "neste momento, está tudo em aberto". "Sinceramente, gravar o The Knick foi um dos melhores momentos de sempre. E há uma coisa curiosa em relação à forma como eu e o Soderbergh nos relacionamos: não há temor sobre ele ou sobre o que ele faz. Ele não complica as coisas. Gosta de provocar. Na primeira temporada, depois da cena com a enfermeira [interpretada por Eve Hewson, cuja personagem injeta cocaína no pénis de Thackery], olhei para ele e questionei: "Até onde podemos ir? Será que podemos voltar para uma segunda temporada depois disto?"", admitiu, para depois completar: "A HBO [na qual a série nos Estados Unidos também é emitida] e a Cinemax preocupam-se com a qualidade e não com o que pode ser comercial. Adicionando a isto um argumento inteligente, [o hospital] The Knick é um ótimo lugar para se estar."

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